A prática regular de exercício físico moderado apresenta reconhecidos benefícios à saúde, como: prevenção de doenças cardiovasculares, melhora do sistema osteomuscular e do sistema imunológico. Porém, a depender da intensidade, tipo e duração do exercício, é possível haver alterações fisiológicas adaptativas dos diversos aparelhos do organismo, tornando esses indivíduos expostos também aos riscos da atividade física. Portanto, entendemos que tanto atletas quanto esportistas merecem atenção especial com relação aos cuidados preventivos da boa saúde.
As vacinas têm se mostrado importantes ferramentas de promoção de saúde pública e individual. Ao prevenir doenças reduzimos sofrimento, mortes, hospitalizações e promovemos qualidade de vida. Hoje, as oportunidades de prevenção com imunobiológicos se estendem para todas as faixas etárias (crianças, adolescentes, adultos e idosos), o que nos oferece condições ímpares de atuação médica profilática.
O atleta profissional está inserido entre as categorias que requerem atenção especial, uma vez que vários estudos têm demonstrado os riscos de doenças infectocontagiosas associados à prática esportiva. Parece difícil pensar que, a despeito da forma física, de hábitos de vida saudáveis e rigorosos controles médicos a que são submetidos, os atletas profissionais possam, ainda assim, apresentar risco mais elevado de doenças infecciosas. Mas há períodos na vida dos esportistas, sobretudo aqueles que praticam atividades de alta performance, em que o sistema imunológico sofre alterações com a diminuição transitória da resposta imune, conhecida como “Janela Aberta” (open window). Nessa fase, encontram-se particularmente propensos a infecções – algumas das quais imunopreveníveis. Outros potencializadores de risco são os deslocamentos: atletas costumam viajar com frequência, estando sujeitos a surtos e epidemias nos locais de competição.
Assim, estar com as vacinas em dia, além de garantir a proteção contra as doenças, reduz a chance de comprometer o treinamento e até mesmo a participação em provas oficiais.
No processo de assistência:
▶ É preciso atenção às vacinas que não foram aplicadas durante a infância, seja por descuido ou porque o imunobiológico não estava disponível na época.
▶ Deve-se investigar a vacinação anterior em idade inadequada (por exemplo, vacina sarampo aplicada antes dos 12 meses de vida), a ocorrência de esquemas de dose incompletos e a possibilidade de não ter havido soroconversão, mesmo no caso do cumprimento do esquema de doses.
▶ Devem ser aplicados os reforços necessários e inserir o atleta nos novos programas de vacinação.
Devemos estar atentos ao melhor momento da vacinar esses profissionais, visto que períodos de treinamento intenso levam a um desgaste físico importante e pode não ser este o momento ideal para a aplicação.
Eventuais eventos adversos locais ou sistêmicos podem ocorrer após a vacinação. Em geral são leves e autolimitados, sem grandes repercussões, mas podem, porém, prejudicar temporariamente o desempenho do atleta nos treinos ou mesmo em competições.
Além disso, existe um prazo médio de ao menos duas semanas para que o indivíduo vacinado tenha sua resposta imune instalada, ficando, de fato, protegido. Portanto, o ideal é que o atleta tenha sua situação vacinal avaliada e atualizada de rotina, e não fazer isso num momento próximo de competições.
As principais vacinas indicadas são: Hepatite A e B, dTpacelular, Influenza (gripe), febre amarela, meningites meningocococicas, HPV, Pneumonia, Tetraviral (Sarampo, caxumba, rubéola e varicela), Covid, dengue e Herpes zoster (adultos 50 +). Veja a importância de cada uma para o atleta:
1) Gripe: dentre as infecções preveníveis por meio de vacinas, as mais frequentes em atletas são as do trato respiratório, destacando-se as infecções por influenza. A vacinação é a medida mais eficaz de prevenir e reduzir a morbimortalidade associada à doença. Além disso, por ser infecção altamente contagiosa, o atleta doente pode transmitir o vírus à sua equipe ou a outros competidores. Esquema indicado: 1 dose anual.
2) Pneumococo: as doenças causadas pela bactéria Streptococcus pneumoniae (pneumococo) estão entre as principais causas de morbimortalidade no mundo, em todas as faixas etárias, sobretudo nos extremos de idade. Os atletas são um conhecido grupo de risco para as infecções do trato respiratório. A distribuição dos sorotipos varia com a idade e a área geográfica. Dados epidemiológicos revelam que ocorrem mundialmente 1,6 milhão de mortes relacionadas à doença pneumocócica todos os anos. As vacinas pneumocócicas não são recomendadas de rotina para todo atleta, apenas para aqueles considerados de risco aumentado, seja pela faixa etária (crianças e adultos 50+) ou pela presença de comorbidades. Esquema indicado: vacina pneumo conjugada 13/15 ou pneumo 23 de acordo com as recomendações para a faixa etária.
3) Hepatite A: o atleta, em suas atividades diárias, ainda mais se pratica esportes aquáticos ou se viaja, tem risco para a infecção pelo vírus da hepatite A. A transmissão se dá principalmente pela ingestão de alimentos ou água contaminados com fezes contendo o vírus, e este pode sobreviver por longo tempo em água ou ambientes úmidos. Ademais, o confinamento e convivência em grupos favorecem o risco de surtos. Esquema indicado: 2 doses com intervalos de 6 meses. Pode ser usada a vacina A+B.
4) Hepatite B: sexo desprotegido, compartilhamento de materiais perfurocortantes, tatuagens, piercings, uso de drogas injetáveis e exposição a ferimentos com sangramento são alguns dos fatores que aumentam o risco de infecção pelo VHB. No atleta, o risco de contato inadvertido com sangue e outros materiais biológicos, especialmente em esportes coletivos ou de contato físico é uma realidade. Esquema indicado: 3 doses (0, 1 e 6 meses).
5) Febre amarela: além de atualmente ser vacina com recomendação de rotina para todos os brasileiros, os atletas são profissionais que viajam com grande frequência para países que exigem o Certificado de Vacinação e Profilaxia (CIVP), sendo então prudente que tenham esse documento em mãos, comprovando a vacinação com antecedência de pelo menos 10 dias da viagem. Esquema: Dose única.
6) Meningocócicas (ACWY e B): a doença meningocócica pode ocorrer em qualquer parte do mundo. Alguns dos casos em viajantes, relatados nos últimos anos, indicam que o risco calculado conforme a epidemiologia local aumenta para aqueles que frequentam dormitórios coletivos e transportes como ônibus de turismo e ambientes aglomerados, condições pertinentes à rotina de atletas. Esquema indicado: conforme calendários de vacinação e da análise do cartão de vacinas do atleta.
7) Sarampo, caxumba, rubéola e varicela: os frequentes deslocamentos para competições e, muitas vezes, o convívio em ambientes fechados com pessoas de nacionalidades distintas aumentam o risco dessas infecções, já que o controle delas nos diferentes países não é homogêneo. Muitos surtos de caxumba e varicela entre atletas foram detectados em anos recentes, em várias partes do mundo, impossibilitando a participação dos mesmos em competições. Esquema indicado: conforme análise do cartão de vacinas do atleta.
8) HPV: as longas e frequentes viagens aumentam a chance de atividade sexual eventual, com consequente aumento do risco de aquisição de doenças sexualmente transmissíveis, como a hepatite B e o HPV. No caso da infecção por HPV, o uso do preservativo não diminui o risco de infecção, pois o vírus pode estar alojado em regiões não cobertas pelo preservativo. Esquema de doses: conforme recomendações e a depender da idade do atleta.
9) Difteria, tétano e coqueluche (dpT acelular): apesar de não existirem dados na literatura que apontem para um maior risco de tétano entre atletas, a prática de esportes e exercícios físicos associa-se a maior chance de ferimentos e acidentes perfurocortantes, condições essenciais para a infecção pelo tétano. Desta forma, os reforços vacinais a cada dez anos devem ser cuidadosamente observados. O risco de coqueluche aumenta pelo convívio em locais fechados como alojamentos, ônibus, etc. Esquema de dose: a depender da análise do cartão.
10) Dengue: Os frequentes deslocamentos para competições, muitas vezes para regiões de alta endemicidade da doença, com alto índice de infestação pelo Aedes aegypti por si só já levam a considerar a vacinação. Somando-se a isso, é preciso considerar o extremo risco de comprometimento de estado de saúde do atleta, afetando sua performance em competições e mesmo em seu treinamento. Esquema de doses: 2 doses com intervalo de 3 meses.
11) Covid: A incidência de Covid ainda é alta em várias regiões do mundo e os deslocamentos, ambientes fechados em aviões ou ônibus assim como alojamentos, favorecem o contágio. Esquema de doses: a depender da análise do cartão.
12 Herpes zoster: indicada para adultos com mais de 50 anos, pode se manifestar em períodos de queda da imunidade e comprometer treinamentos e participação em eventos programados. Esquema de doses: 2 doses com intervalo de 2 meses.
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Fonte: SBIM.